domingo, 27 de dezembro de 2009

E porque não...?


Todos temos grandes acessos de inspiração criativa que nos avassalam com a sua magnitude, na escala de genialidade. Também eu tive um, na noite passada, com uma magnitude de fazer corar Richter e o sismo do passado dia 17. E não envolveu nada relacionado com autocarros, como é habitual. Aaah, se eu e o Zé Manete juntássemos as ideias que já tivemos, fazíamos fortuna... Mas adiante, não se trata hoje de nada ligado a esse veículo dos deuses. Contudo, está relacionado com o segundo grande prazer da minha vida, que é a comida.

Ainda assim, também surpreendentemente, não se relaciona com enchidos, tremoços ou frutos secos. Mas vamos por partes. Começo por falar um pouco de uma fabulosa invenção dos tempos modernos, provavelmente aquela que Leonardo da Vinci mais invejaria, se fosse vivo: o descaroçador.

Tive o cuidado de utilizar uma imagem do descaroçador em plena acção. E logo num ananás. Pode ser um pouco hardcore para as mentes mais sensíveis, bem como para as mais rudimentares, que ainda roem a fruta em torno do caroço. Já agora, alguém se lembra daquele anúncio de uma marca de pizzas em que uma senhora e o seu companheiro se debatiam sobre um ingrediente: mozzarella ou ananás? Ele bradava por mozzarella, ela retorquia com um insistente ananás. Sabem? Não? Bem... Continuando.

Ora, sucede que este extraordinário avanço tecnológico, assim como outros que o antecederam, trouxe consigo uma enorme situação de injustiça e inequidade. E eu não podia ficar indiferente, ou não fosse um paladino da justiça... Rob... Robin? Robin?... Quantas vezes tenho de te dizer para não pores a mão nas minhas pernas? E tem dó, por favor, não sabes que estás a usar calças de latex? Tem vergonha na cara, ou achas que alguém acredita que andas com um iogurte Activia, dos líquidos, nas calças? E não me venhas com as tuas tretas do estômago desregulado, és ou não és um superherói? Espera por mim no BatMobile. Vai. Xô.

Ok, se calhar não quero ser um paladino da justiça e muito menos usar fatos de latex, ainda mais agora que o Sócrates quer esvaziar os armários. "Sair do armário", o Sócrates vai esvaziar os armários... Não sei se o trocadilho ficou claro, por isso assumo a humilhação de ter de o explicar.

Não obstante, a injustiça dos descaroçadores preocupa-me. O motivo é muito simples: há aqui fruta a ser discriminada. Nomeadamente, a fruta que tem pevides em vez de caroços. E isso fez-me pensar:

Porque é que não há-de existir um despevidador?

Esta derradeira, profunda indagação faz-me perceber como o Blogger é limitado. É uma interrogação que merece ser rodeada de luzes à Broadway, ou, quem sabe, à Moulin Rouge. Merece bem mais do que um negrito e um itálico. Ponto a melhorar, por parte do Blogger.

Mas o facto é esse. As maçãs, as peras e até os ananases estão nas suas sete quintas (literalmente... quintas; não tão literalmente... sete). Assim como os seus produtores, pois sabem que as pessoas continuarão a preferir as suas frutas, tendo um descaroçador para as comer e desfrutar do seu saboroso suco com o maior conforto. E os melões? E as melancias? Temos em mãos uma grave assimetria concorrencial. Os frutos com pevides estão a ser esmagados pelo descaroçador. O meu apelo é a que parem de ser metaforicamente esmagados pelo descaroçador e passem a ser literal e apropriadamente despevidados por um despevidador. Para que as frutas sejam igualmente fáceis de comer pelo consumidor e, assim, compitam justamente pelas suas dentadas. Há melões que se querem envolver ardentemente com os ácidos estomacais humanos e não podem. Porquê? Porque a maçã e outras frutas têm um descaroçador!

É a causa do momento. Os próximos passos são poderem juntar-se a ela no Facebook e criar uma petição online, que surte sempre um efeito tremendo na sociedade.

Até lá, podem sempre mandar donativos. Tudo pela causa! Ainda para mais, é Natal...

Dêem vida ao despevidador :: Bring the depevitator to life :: Donnez de la vie au dépévitateur

1 comentário:

  1. Existem actualmente, meu caro ,e carissimos acompanhantes desta viagem turbulenta,instrumentos com muito menos utilidade de que o descaroçador,essa maquinaria que apelaste como genialidade;P

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