sábado, 28 de março de 2009

Robin dos Bosques






Bem, fiquei de partilhar convosco cuidados a ter nos bosques quando buscando guaxinins lascivos. Já falei dos texugos ardilosos, e fiquei de partilhar conhecimentos sobre uns gambozinos. Conhecimentos esses que me são alheios. Confesso que nunca vi tal bicho. Dizem esses amigos experientes que é bom sinal para mim. Deve ser mesmo perigoso.


Bem... Minto. Em boa verdade, eu já tive um contacto com esses ditos gambozinos. E ainda bem que já mencionei o Canal Odisseia no post anterior, pois foi também justamente a TV Cabo que me proporcionou tal contacto. De vez em quando, passo pela casa de um rapazola porreiro que é o Martim. Não me olhem com essa cara, apenas sou padrinho de uma grande amiga que tem uma prima que por sua vez é casada com o genro de um colega de trabalho da mãe do rapaz. Um dia sentei-me a ver televisão enquanto ele foi buscar uma tal de Maria Joana à escola. Disse que ela estava com um colega dele, um calmeirão chamado Dylan que anda sempre de óculos escuros (posso ter percebido mal, mas acho que ouvi o pobre Martim chamá-lo Dealer... Coitado do rapaz, chumbou a Inglês, percebe-se que não consiga dizer bem um nome como Dylan).

Enquanto ele não voltava, calcorreei os canais da TV Cabo, apesar dos conselhos que me deram no Grupo de Calcorreadores Anónimos de Televisões Com Mais de 10 Canais. E naquela barra da programação deparei-me com um "Luana à caça dos gambozinos". Mas estava a dar num canal que não tenho em casa. É daqueles que é preciso pagar e não sei quê... O Martim mais tarde explicou-me que o avô tinha feito a subscrição daquele canal por engano. Tinha sido há 2 anos atrás.

Mas acho que a TV Cabo deles está com um problema. Nesse canal codificado anunciavam esse "Luana à caça dos gambozinos". No canal Caça e Pesca anunciavam um "Com a espingarda na mão" e no National Geographic anunciavam o 5º episódio da 2ª temporada de "Leoas Africanas". Epá, eu acho que há aqui um qualquer problema de sincronização da programação com os canais, os programas parecem estar todos trocados. Enfim, estas tecnologias e modernices que inventam... Aquele tasqueiro do Raimundo é que tem razão, como era antigamente é que era bom, ligava-se a televisão e se, por uma mera casualidade (era raro acontecer), nos deparássemos com um discurso do Salazar ou propagandas do Estado Novo não havia complicações ou indecisões existenciais. Simplesmente tínhamos de roer com aquilo no maior dos silêncios e com todo aquele ar patriótico (não fosse o pulha do vizinho do lado ser um PIDE... ou a amante uma agente disfarçada). Sim, esse ar patriótico como o que os jogadores fingem quando fingem cantar o hino. Pronto, vá, não todos, os brasileiros safam-se bem.

Entretanto, lá chegou o Martim. Feliz da vida. Acho que há ali qualquer faísca entre ele e a Maria Joana. Aaah, bons tempos de juventude. Este miúdo leva-me de volta aos meus tempos de loucura e depravação com a minha Adelina. E as voltinhas com a Hermínia também, mas não digam nada a ninguém. Esta história só aqueles bancos de trás do primeiro autocarro que conduzi podem contar.


Mas isto tudo para dizer que desconheço esses supracitados gambozinos, mas vozes sábias dizem que eles não são de confiança. Cuidado com eles nos bosques e com os texugos de que vos falei. Acreditem... Não há nada mais perfurantemente doloroso para a alma do que só descobrir que um suposto guaxinim é afinal um texugo quando ele já está a escorrer suor pela face.

Já dizia um outro sábio:



"Se um dia andares por bosques

E um texugo avistares

Foge, muda de ares,

Dá de frosques."



Ok, eu confesso, na verdade o "outro sábio" sou eu, como se percebeu pela (falta de) qualidade da quadra. Apenas quis desesperadamente um motivo para usar a palavra "frosques", que acho um expoente de elevado grau na tabela da sensualidade. Na da Maya, acho que está cá para baixo esta semana.


Mas que nada disto vos desanime.

terça-feira, 17 de março de 2009

Ah pois, o segredo de Napoleão!


Pois foi, veneráveis passageiros, entusiasmei-me tanto a falar do mais sensacional produto francês, em concorrência apertada com o souvenir "Air de Paris", que é uma lata de sardinhas vazia (supostamente contém ar parisiense - este souvenir existe mesmo!), que me esqueci do propósito fundamental da minha anterior partilha. Todos queriam saber o segredo da mão de Napoleão, não era? Aaah, na verdade não me esqueci, quis sim deixar em vós aquele suspense hitchcockiano. Fui mesmo um maroto, não fui? Mas somos amigos na mesma, este vosso fiel motorista apenas gosta de uma boa partida de vez em quando. Ah, outra razão foi para que o post não tivesse a extensão dos discursos do Fidel Castro. Infelizmente, eu ainda não posso forçar ninguém a ler este blog, por isso devo ter esse cuidado.

Bem, os mais astutos e perspicazes passageiros (ou seja, todos vós) já devem ter percebido. Napoleão escondia claramente uma barra de Savon de Marseille. Que grande General era ele que nem sequer tinha barba para meter medo aos adversários? Pois... Os caminhos dele e do Savon ter-se-ão cruzado um dia... E ele não mais o pôde dispensar. Se voltarem a reparar na imagem abaixo, perceberão que ele diz: "Queres saber o que aqui está, huh? Mas ele é só meu, mon ami... Nem penses que o vais descobrir!" Percebe-se. Era o maior segredo de Estado da altura: o segredo para a pele macia de um General feioso. E consta que esse mesmo homem era um mulherengo de elevado grau. Com este segredo exposto, também esse enorme mistério fica claro como a água (a água da altura de Napoleão, quando ainda não havia descargas poluentes ou elas limitavam-se a excrementos). Tivesse o General Loureiro dos Santos conhecimento do Savon de Marseille e também ele sacava-as a todas. Não dava hipótese.

Em boa verdade, acho que também foi assim que o General Soult conquistou a minha tetr... tri... como se diz? A minha super-hiper-mega-ri-avó, quando veio para cá nas segundas invasões francesas e lhe tomou a Bastilha. A macieza (sim, esta palavra também me causa pruridos na garganta) do Savon de Marseille é um afrodisíaco possante. Digamos que Marselha é a Cabinda europeia, graças a este centenário produto.

Mas já que estamos na toada das grandes sensações desta vida, deixem-me que vos diga que uma experiência que recomendo mesmo aos nossos passageiros é fazer amor selvagem com guaxinins. De preferência no trepidar do autocarro. Apanhem o autocarro 873-PEV para o bosque, recolham um ou dois e mal possam façam o transbordo para este vosso autocarro companheiro de todas as horas. Mas cuidado no bosque para não serem enganados por ardilosos texugos em busca de enganar os mais sedentos e inexperientes. Esses senhores fazem-se passar por guaxinins para merecer a nossa atenção e vai-se a ver e aquela lista contínua a percorrer os olhos foi conseguida com um maravilhoso lápis... E sombra e sabe-se lá que mais manhas destes travestis do Reino Animal. É importante salientar, para quem não assiste ao Canal Odisseia, que a diferença mais notória a olho nu (espero é que ainda não estejam todos nus antes de terem a certeza de que estão perante um guaxinim genuíno) entre estes dois indivíduos prende-se com essa lista preta facial. A do guaxinim percorre os olhos, é horizontal. A do texugo já é vertical, não se cruzando com a sua cavidade ocular (vulgo vista).

Outro cuidado que devem ter ao deslindar os caminhos do bosque, segundo dizem vozes também assaz experientes na matéria, é com uns tais de gambozinos. Mas sobre isso falarei brevemente. Volto a interromper uma magnífica história em nome do suspense... E da moderação do tamanho dos posts. Continuem connosco.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O segredo de Napoleão



Sempre quiseram saber o segredo daquela mão dentro do casaco?

Eu sei que sim. E, como sou descendente do general Soult (que pelos vistos invadiu mais que o solo português...), os meus passageiros preferidos têm a sorte de saber esse segredo, um dos mais ocultos da história da humanidade. Sei que toda a gente escolheria saber isto, se pudesse optar entre a mão de Napoleão e a Área 51. Então eu vou contar.

Já imaginaram o Rato Mickey como chef de cuisine française, dançando um cancan enquanto canta a Marselhesa?

Também sei que sim. Mas sei que nunca perceberam o denominador comum entre todos estes elementos. (Cala-te, Arnaldo, não é nada a França, nunca ouvi tamanha estupidez. Disseste suavidade, Carrie? Fantástico. Vê-se mesmo que és uma passageira assídua.) É a suavidade. O brilho, também. O Rato Mickey precisa de um fato bastante suave para as crianças o abraçarem na Disneyland (qualquer semelhança com crianças a abraçar uma pessoa coberta por um disfarce num sítio chamado Neverland é pura ficção). Os pratos de cozinha francesa precisam de estar suaves e a brilhar intensamente, visto que comida não há quase nenhuma, a única coisa que se vê é mesmo o... prato. Daí que tenha de estar perfeitamente apresentável. O cancan leva-nos (com pena minha, apenas numa viagem mental) ao Moulin Rouge e às suas dançarinas, cuja pele tem de ser igualmente suave e brilhante para atrair os visitantes. E a Marselhesa? Enfim, pensei em algo que servisse para representar a língua francesa, também toda suave e com os rócócós todos que todos sabemos (curiosamente, o rócócó é um estilo arquitectónico também de origem francesa).

E a que leva a suavidade e o brilho? Com certeza. Ao mais extraordinário, fantástico, sensacional, laudatório produto cosmético alguma vez inventado: o Savon de Marseille. O meu salvador e fiel companheiro após aquele incidente do gel de banho. Rendi-me ao Savon de Marseille e não mais fui o mesmo. É o expoente máximo da suavidade. E é terapêutico, varre as impurezas todas e essas coisas que os dermatologistas dizem. Quem me conhece sabe que esta referência era inevitável. O Savon de Marseille é a mais genial criação da mão humana. Pelo menos a mais genial utilizando gorduras de bovino.

É com Savon de Marseille que o fato de Rato Mickey é lavado. É com Savon de Marseille que se lavam pratos em restaurantes finos. É o Savon que faz as delícias de quem vai ao Moulin Rouge, mesmo que essas pessoas nem sonhem. Quais candelabros, quais luzes, o Savon é que faz aquelas meninas brilhar! E é com Savon de Marseille que os franceses lavam a língua para conseguirem falar daquela maneira, só o Savon consegue amaciar algo de tal maneira (vá, o verbo Pouvoir conjugado no futur simple até é bastante viril).

Experimentem este fabuloso Savon e verão que a vossa vida dará uma volta de 360 graus. Sim, a vossa vida fica no mesmo sítio. A vossa pele é que nunca mais será a mesma.