terça-feira, 25 de agosto de 2009
O país às cores - 2ª parte
Este post é a continuação do post de baixo, para quem não olhou para o título, ou para quem olhou mas pensou que haveria uma outra razão para a "2ª parte" que não envolvesse um post anterior. Falava dos peritos da Área 51 a trabalhar na Protecção Civil e do seu espírito artístico, que os leva a mostrar um Portugal colorido de amarelo, laranja e, ocasionalmente, verde. Já é uma contribuição para a confiança dos portugueses. Ao menos, não mostram o país cinzento ou negro. Ou castanho. Dizem estatísticas europeias que somos um dos povos com mais optimismo e alegria. Tal só pode ser explicado pela Protecção Civil e o seu Portugal colorido.
Mas o que está em causa é a emissão de "alertas". E, convenhamos, ainda bem que a nossa Protecção Civil se fica por cá. Não que seja propriamente muito benéfico para nós, simplesmente só posso imaginar os problemas que haveria se se desse como que uma diáspora da Protecção Civil portuguesa. Dou apenas dois exemplos.
Imaginem o perigo geopolítico que constituiria uma ida dos nossos técnicos dos alertas para a Rússia. Mal eles vissem as temperaturas de 30 graus negativos na Sibéria, até inventavam uma cor nova para o alerta que iriam lançar. Seria terrífico. Provavelmente colocavam até o país em estado de emergência, entre recomendações para os siberianos se deixarem deglutir por ursos polares... Mas com cuidado para não deixar o branquinho rasgar as várias camadas de roupa. O pêlo do urso já não é mau, mas para 30 graus negativos só indo para dentro dele com muita roupa. Nunca fiando.
Mas, pior que isso, seria o Kremlin a ouvir alguém nem que fosse sussurrar "estado de alerta". Se fosse "estado de emergência" então... Era uma vez o gás natural na Europa. Mas, como na Natureza nada se perde, tudo se transforma, desaparecia o gás natural, mas ressurgiriam uns milhares de Kalashnikov vindas das proveniências mais impensáveis. E não havia Obama que valesse à diplomacia. Se a Mother Russia está em alerta, o Kremlin está-se pouco lixando se o presidente do E.U.A. joga basquetebol ou golfe. E assim uma nova Guerra começava, graças aos portugueses. Aliás, graças a portugueses cuja única arma que sabem empunhar é aquele apontador (muito imponente, contudo - é quase um ceptro) com que pensam estar a indicar as massas frias e quentes e as ondulações. Que não interessam nem à tia-avó de Seia que faz camisolas de lã para a família. (repararam como eu me esquivei ao facto de desconhecer se o termo correcto era tricotar, bordar ou outro qualquer?)
E se os nossos amigos trabalhassem na Austrália? Bem, atendendo ao seu... zelo, suponho que lançassem alertas múltiplos à população por motivo de marsupiais na época do acasalamento. Sem esquecer os furões. Mas os marsupiais são particularmente preocupantes. Isto porque possuem um deveras misterioso pénis bifurcado (não, não me refiro a dois homens de barrete ou a um homem de barrete nada esquisito nas suas opções sexuais confrontando um bovino de largas proporções) que pode apanhar alguma população desprevenida. Claramente, um caso para recomendações para Protecção Civil. Nunca se sabe quando os bichos vão alargar os seus horizontes procriativos. Se já alojamos gripes aviárias e porcinas... O melhor é prevenir, não vá o diabo tecê-las. Ou o Belzebu, como prefiro chamá-lo. Não sei porquê, tem um impacto cómico superior a "diabo". Talvez tenha a ver com o facto do português ter em si a arte inata da rima.
É muito grande o apelo a citar aqui o primeiro parágrafo do capítulo sobre "Reprodução" da página da Wikipedia sobre os marsupiais, onde descobri esse extraordinário pormenor distintivo do marsupial face à que considero ser a larga maioria do Reino Animal, mas achei que seria melhor deixá-lo lá ficar sossegado. Considerei que era deleite a mais para o leitor juntar um tão magnificamente descrito momento National Geographic a este blogue. Mas, para os que julgam que usar as palavras "pseudovaginal" e "escroto" no mesmo parágrafo, e ainda acrescentar a informação da existência de um pénis bifurcado, é obra de um Camões da sexualidade animal, confiram na Wikipedia como Camões sabe usar um computador. E, para os que julgam que esses feitos estão reservados a quem espera fazer piadas fáceis usando vocabulário sexual hardcore e explorando compleições sexuais insólitas como a do marsupial, confiram como isto pode ser conseguido num contexto de seriedade e cientificidade. O mesmo não posso dizer de mim.
Mas pondo agora de lado a ideia da emigração da nossa Protecção Civil, para bem dos povos alheios: se um dia atravessarmos uma verdadeira situação de crise, meteorológica ou outra, que cor terá o alerta para que faça perceber os portugueses da seriedade da situação? Se aguaceiros motivam alertas amarelos e laranjas, suponho que os vermelhos estejam reservados para pequenas tempestades. E quando vier um furacão a sério, que alerta emitir? Ou, como já disse, mesmo que não seja por motivos meteorógicos, que alerta emitir para transmitir seriedade e, portanto, não se confundir com estes dos chuviscos? Alerta vermelho aos peixinhos amarelos? Não, faz lembrar os boxers da Throttleman. Alerta negro às listas diagonais bordeaux? Requintado demais. Alerta cor de burro quando foge? Parece-me a hipótese mais viável. Esperemos que chegue para que as pessoas enfrentem a crise com um pouco mais do que um protector solar e garrafas de água ou indo buscar ao armário quantos casacos lá existam e ainda a camisola de lã feita à mão pela tia-avó de Seia, guardada no sítio mais recôndito do armário mais recôndito da casa, devido ao seu valor sentimental. Apenas por isso é tão ocultamente guardada, e não por qualquer outro motivo, eventualmente algum relacionado com a estética do objecto.
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